No início de janeiro o preço dos medicamentos deixou de constar das suas embalagens.

Na verdade, o Governo efetuou uma revisão do atual regime jurídico dos medicamentos de uso humano, passando a prever, ao invés, que a informação sobre o preço dos medicamentos, designadamente, o preço de venda ao público (PVP) e preço de referência, se aplicável, possam constar, apenas, das faturas/recibos emitidos.

O que significa esta alteração?

Com a entrada em vigor desta medida, as embalagens de medicamentos sujeitos a receita médica deixam de incluir obrigatoriamente o preço de venda ao público. No entanto, nas faturas, as farmácias terão de detalhar, pelo menos:

  • O preço de venda ao público (PVP);
  • O preço de referência, se aplicável;
  • A percentagem de comparticipação do Estado no PVP;
  • O custo suportado pelo Estado;
  • O custo suportado pelo utente.

 

Se é certo que, muitas vezes, o preço indicado na embalagem não correspondia ao preço final a pagar pelo consumidor e as próprias prescrições médicas já referiam o preço mínimo de cada prescrição, também é certo que a informação é um direito essencial dos consumidores, sobretudo, no que respeita ao preço.

 

A DECO não concorda com o facto de os consumidores terem de pesquisar no site do INFARMED o preço dos medicamentos, pois esta medida ignora os consumidores mais vulneráveis, designadamente, em função da sua baixa literacia digital ou de falta de acesso à internet, como sejam os consumidores mais idosos.

 

A DECO teme, inclusive, que a medida agora em vigor abranja, também, os medicamentos de venda livre, através de preços fixados pelas farmácias, o que poderá diminuir a transparência da informação e, assim, originar práticas comerciais desleais. Sem a devida informação prévia, será mais difícil para os consumidores comparar os preços de modo a escolher a solução mais económica e adequada ao seu perfil, colocando em causa a concorrência neste setor.

 

Embora compreendendo os constrangimentos que a legislação causava aos profissionais, a Associação considera que a solução apresentada é geradora de novos e maiores problemas para os consumidores e poderá levar a desequilíbrios, sobretudo, para a população mais idosa, com maior nível de comorbilidades, e para a qual a informação deve ser sempre reforçada.

 

Se tiver dúvidas ou necessitar de aconselhamento, contacte as nossas equipas através do email deco@deco.pt ou da nossa linha de WhatsApp 966 449 110.