Neste Dia Mundial da Poupança a DECO alerta:
Poupar para a reforma, em Portugal, é cada vez mais urgente, tanto mais que a esperança média de vida continua a aumentar e o valor das pensões a diminuir. Face à queda das pensões do Estado, é imperativo que os portugueses mudem o seu planeamento financeiro e que se criem novas políticas de proteção social.
Em 2025 as pensões tiveram um aumento máximo de 3,85%, de acordo com os escalões de atualização legal. No entanto, as projeções mais recentes da Comissão Europeia indicam que a taxa de substituição das pensões em Portugal cairá drasticamente. Segundo o Ageing Report 2024, a pensão média nacional deverá passar de 69.4% do último vencimento para 38.5% em 2050, caso não sejam implementadas reestruturações no sistema de Segurança Social.
Impõe-se planear antecipadamente a reforma para garantir um nível de vida digno, semelhante ao da idade ativa. Poupar para a reforma deve ser encarado como um objetivo ao longo de toda a vida ativa, iniciando-se logo que se entra no mercado de trabalho.
Poupar para a reforma é uma necessidade e um mecanismo de proteção financeira e de promoção da dignidade. Por isso, deve ser tratada como uma prioridade nacional, através de incentivos fiscais progressivos, produtos transparentes e educação financeira acessível a todas as idades.
Preparar a reforma é também compreender o valor do tempo: quanto mais cedo se começa, mais leve é o esforço. Pequenas poupanças regulares, decisões informadas e escolhas adequadas ao perfil de cada um fazem toda a diferença.
Reformar a forma como se pensa a reforma é, afinal, transformar o medo do futuro numa cultura de preparação e segurança. Só com cidadãos informados e políticas consistentes se pode garantir que envelhecer em Portugal é sinónimo de estabilidade e não de incerteza.
REALIDADE NACIONAL ATUAL:
- Envelhecimento da população e baixa natalidade ameaçam a sustentabilidade do sistema público de pensões.
- Muitos portugueses não têm poupança complementar e desconhecem como funciona a sua pensão futura.
- A poupança para a reforma continua a ser um tema tabu, muitas vezes associada apenas a quem tem rendimentos elevados.
A DECO reconhece e lida com esta realidade diariamente. Milhares de consumidores procuram apoio e a equipa da DECO ajuda-os a equilibrar o presente sem perder de vista o amanhã e a tomar decisões conscientes e informadas.
Entre os consumidores reformados acompanhados pela Associação:
- 54,1% vivem em casas arrendadas,
- 24,6% têm casa própria sem hipoteca,
- 9,8% ainda pagam crédito à habitação,
- 11,5% vivem noutras situações habitacionais.
Os agregados familiares reformados têm ainda, em média, quatro créditos ativos, sobretudo créditos pessoais, no valor aprox. de 20.000 €, e cartões de crédito, no valor aprox. de 6.000 €.
As prestações mensais totalizam cerca de 680 € face a um rendimento líquido médio de 1.150 €, o que representa uma taxa de esforço próxima dos 60%, muito acima do limite recomendado de 35%. Estes números evidenciam a elevada vulnerabilidade financeira de quem chega à reforma sem poupanças próprias.
REIVINDICAÇÕES DA DECO NO DIA MUNDIAL DA POUPANÇA
1.Reformar a forma como pensamos a reforma
- Objetivo: Não se trata apenas de poupar mais, mas de planear melhor e compreender o futuro financeiro de cada pessoa.
- Como:
- Implementando programas de literacia financeira e proteção para o futuro, que incluam a compreensão das pensões públicas e complementares e focados em poupança como complemento da pensão.
- Garantindo apoio independente para orientar escolhas de poupança complementar e produtos financeiros, sem conflitos de interesse.
2. Direito à reforma, direito a poupar
- Objetivo: A poupança para a reforma não pode ser um privilégio de quem tem rendimentos elevados; tem de ser um direito social e uma prioridade de política pública.
- Como:
- Criando incentivos fiscais progressivos que beneficiem todas as faixas de rendimento, tornando a poupança mais acessível.
- Promovendo produtos de poupança simples, claros e transparentes, sem taxas escondidas, para que todos os cidadãos possam investir de forma segura.
- Desenvolvendo políticas de inclusão financeira que permitam o acesso à poupança e à informação mesmo às pessoas com rendimentos mais baixos ou sem experiência financeira.
- Reduzindo a carga fiscal sobre os depósitos a prazo.
3. A reforma começa hoje: pequenas decisões, grandes diferenças
- Objetivo: Mostrar que poupar para a reforma não é apenas para ricos ou para o futuro distante; pequenas contribuições regulares têm impacto real a longo prazo.
- Como:
- Criando campanhas de sensibilização que expliquem a importância da poupança desde cedo, usando exemplos reais e acessíveis.
- Assegurando acesso a informação imparcial, com orientação clara e independente, destacando o papel da DECO como facilitadora da decisão consciente.
As reivindicações da DECO procuram mitigar as dificuldades e desafios que as gerações mais jovens enfrentarão num futuro não tão longínquo quanto parece. Preparar a reforma hoje é assegurar a dignidade do amanhã.
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