Segundo os dados mais recentes do EUIPO, em Portugal, 34% dos jovens compraram intencionalmente produtos falsificados e 17% acederam conscientemente a conteúdos digitais a partir de fontes ilegais. O preço e a disponibilidade continuam a ser os principais fatores que influenciam este comportamento de compra, mas a influência dos pares e da sociedade é também cada vez mais importante.

 

A edição de 2022 do Painel de Avaliação da Propriedade Intelectual e Juventude, divulgada pelo Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO), fornece uma reflexão atual sobre os comportamentos dos jovens face à violação da propriedade intelectual num contexto pós-pandémico. Este inquérito analisa os dois lados da violação da propriedade intelectual: as tendências dos jovens que compram bens contrafeitos e o acesso a conteúdos pirateados, avaliando as tendências desde 2016.

 

Segundo o inquérito, mais de metade (52%) dos jovens inquiridos tinha adquirido pelo menos um produto falso em linha durante o ano que passou, intencionalmente ou de forma acidental, e um terço (33%) tinha acedido a conteúdos ilegais em linha.

 

Compra de falsificações

Refletindo o contexto pós-pandémico, o novo inquérito confirmou que 37% dos jovens compraram intencionalmente um ou vários produtos falsificados, o que constitui um aumento significativo em relação aos resultados anteriores (14% em 2019).

 

No ranking da compra de produtos contrafeitos, os jovens compram intencionalmente roupas e acessórios (17%), seguidos de calçado (14%), dispositivos eletrónicos (13%), e higiene, cosméticos, cuidados pessoais e perfumes (12%).

 

Porém, os jovens são igualmente induzidos a comprar involuntariamente produtos falsificados: a compra não intencional de produtos falsificados também se situa nos 37% e os inquiridos reconheceram dificuldades em distinguir os produtos genuínos das falsificações.

 

Pirataria na Internet

No que diz respeito aos conteúdos digitais, o acesso a partir de fontes legais está a ganhar terreno entre as gerações mais jovens. 60% disseram não ter utilizado, reproduzido, descarregado ou transmitido conteúdos de fontes ilegais no ano passado, em comparação com 51 % em 2019, confirmando assim a tendência.

 

No entanto, a pirataria intencional mantém-se estável, com um em cinco dos jovens consumidores (21%) a reconhecerem ter acedido conscientemente a conteúdos pirateados nos últimos 12 meses. Uma proporção significativa de jovens foi enganada no acesso a conteúdos pirateados. 12 % acederam a conteúdos pirateados de forma acidental e 7% não sabem se o fizeram.

 

O principal tipo de conteúdos pirateados foram filmes (61%) e séries televisivas (52%), seguidos de música (36%), utilizando sobretudo websites dedicados, aplicações e plataformas de redes sociais.

 

Explore a infografia desenhada pelo EUIPO que revela os principais destaques do estudo aqui:


Ou pode ver este vídeo do estudo:

 

Principais fatores que levam à compra de falsificações e acesso a conteúdos pirateados

Enquanto o preço e a disponibilidade continuam a ser as principais razões para comprar produtos falsificados e aceder intencionalmente a conteúdos pirateados, as influências sociais, tais como o comportamento da família, amigos ou pessoas que conhecem, estão a ganhar um terreno significativo.

 

O que leva os jovens a pensar duas vezes?

Tanto no caso dos produtos, como dos conteúdos digitais, os jovens mencionaram os riscos pessoais de fraude cibernética e as ciberameaças como fatores importantes que condicionariam os seus comportamentos. Além disso, questões como uma melhor compreensão do impacto negativo sobre o ambiente ou sobre a sociedade são agora mais amplamente mencionadas pelos jovens inquiridos.

 

DECO alerta para perigos da contrafação e da pirataria

A DECO, preocupada com este tema, alerta para os principais riscos associados à compra de conteúdos piratas, falsificados, contrafeitos e não respeitosos da propriedade intelectual dos autores e industrial das marcas.

 

Na contrafação, os principais riscos passam pelas consequências ambientais, económicas e sociais. A produção de artigos contrafeitos não está sujeita a qualquer tipo de controlo de qualidade, não respeita as normas ambientais e de combate à poluição, sendo por isso prejudicial para o meio ambiente. Mas igualmente graves são as consequências económicas e sociais, como a perda de vendas e o desemprego. Em 2017, Portugal perdeu vendas de mais de mil milhões de euros devido à compra de produtos contrafeitos. No mesmo ano, a contrafação foi também responsável pela perda de mais de 16 mil postos de trabalho no país. A produção de produtos contrafeitos não respeita as normas e os regulamentos do trabalho, pagando salários baixos, utilizando mão de obra infantil e ignorando as mais elementares condições de higiene e segurança no trabalho.

 

Para sensibilizar os mais novos para este tema, o programa de educação do jovem consumidor, a DECOJovem desenvolveu o Brain Ideas, um projeto que incentiva os jovens, enquanto consumidores, a adotar escolhas que respeitem a propriedade intelectual (a propriedade industrial e o direito de autor) e combatam a contrafação e a pirataria para salvaguardar os seus direitos, a sua segurança e, até mesmo, a sua saúde. Explore todos os materiais da nossa iniciativa aqui.