Os consumidores querem um euro digital seguro, fiável, fácil de usar e gratuito! Imagina-se ficar um dia sem poder fazer pagamentos?
O digital veio mudar a forma como agimos e nos relacionamos nas transações comerciais e nos pagamentos.
Hoje, de acordo com o BCE – Banco Central Europeu, 60% das transações com cartões de crédito são efetuadas para fora da Europa, e nos últimos cinco anos, um em cada cinco consumidores europeus considera ter sido confrontado com fraudes com o digital.
O BCE e os decisores políticos da UE estão a conceber o euro digital, uma nova forma de dinheiro que virá complementar o dinheiro físico, e que visa ser uma opção adicional à disposição dos europeus para efetuar pagamentos.
Os consumidores europeus questionam-se sobre a mais-valia que o euro digital poderá trazer ao seu dia a dia, esperando que seja simples, seguro, fiável, fácil de usar e gratuito, de acordo com inquérito lançado pelo BEUC-,Bureau Européen des Unions de Consommateurs, a Euroconsumers e o ICRT-International Consumer Research & Testing, cujas conclusões foram recentemente publicadas. Visava responder a um conjunto de questões, nomeadamente:
- O que desejam os consumidores de uma nova opção de pagamento digital?
- Como poderá o euro digital responder às suas necessidades?
O inquérito foi lançado a mais de 10 000 consumidores de 10 países da zona euro, entre os quais Portugal, e visou identificar os incentivos, mas também os principais obstáculos à utilização de pagamentos digitais, as expectativas dos consumidores e de que forma as suas preferências poderão ser incorporadas no euro digital.
Os jovens consumidores, que estão entre os mais digitalizados e provavelmente serão os primeiros a adotar o euro digital, foram também visados.
Destacam-se algumas conclusões:
- Ouviram falar do euro digital 58% dos adultos e 49% dos adolescentes, mas apenas 11% e 9%, respetivamente, se sentem informados sobre como irá funcionar.
- Reportaram ter sido vítimas de fraude ou violação de segurança relacionada com um pagamento digital 22% dos adultos e 18% dos adolescentes, que consideram ser a segurança um aspeto fundamental na sua relação com o seu banco ou nos pagamentos.
- Dos inquiridos, 85% considera importante a manutenção do dinheiro como forma de pagamento amplamente aceite, com 46% dos adolescentes e 52% dos adultos a recear perder a opção de escolher entre métodos de pagamento no futuro.
- De entre os que já utilizam métodos de pagamento digitais, 55% referiram dificuldades, desde erros técnicos a preocupações de segurança ou falta de competências.
- Ainda, 85% acredita que todos os consumidores deveriam ter acesso a uma conta bancária básica gratuita e 88% acredita que todas as contas bancárias deveriam oferecer um cartão de pagamento sem custos.
- Referem que 46% dos jovens e 39% dos adultos que ajudaram um amigo ou familiar a fazer um pagamento digital.
- Também 81% dos adultos e 72% dos adolescentes estão preocupados com as questões de privacidade,
- Para 36% dos inquiridos o euro digital deveria ser universalmente aceite.
- Quase metade dos utilizadores adolescentes (47%) e 42% dos adultos estão dispostos partilhar dados pessoais para prevenção de fraude e verificações de combate à lavagem de dinheiro, mas menos recetivos a partilhar dados para fins comerciais, que diminui com a idade.
A pesquisa revelou também que se um novo método de pagamento digital fosse introduzido, como o euro digital, deveria incluir características fundamentais como a segurança, a privacidade, facilidade de uso, para além da gratuitidade, rapidez e privacidade.
A falta de competências digitais é outra preocupação dos consumidores, sendo curiosa a conclusão de que elevada percentagem de adolescentes usa dinheiro físico para pagamento em lojas, talvez por receberem mesada ou semanada em dinheiro.
O euro digital, se emitido pelo Banco Central Europeu, visará oferecer um método de pagamento digital público para a área do euro, juntamente com o dinheiro físico, garantindo a autonomia e estabilidade de pagamento, face a tensões geopolíticas.
A fase de preparação do euro digital deverá terminar em outubro de 2025, prevendo-se que se seguirá a fase de implementação do processo legislativo e respetivo design e só depois o BCE tomará a decisão de o emitir.
A DECO continuará atenta à evolução da situação e procurará pugnar para que a futura moeda europeia, euro digital, esteja alinhada com os direitos dos consumidores, garantindo a privacidade, segurança, proteção de dados e combate à fraude, bem com a inclusão financeira, nomeadamente dos mais vulneráveis, para que ninguém fique para trás.