A pobreza não se mede apenas pela escassez de recursos, mas também pela forma como estes são geridos e protegidos. O sobre-endividamento, a falta de literacia financeira e as dificuldades no acesso a informação clara e soluções adequadas continuam a agravar a exclusão social, perpetuando ciclos de vulnerabilidade.
Milhares de famílias trabalham durante um mês inteiro e, ao chegar ao fim, não têm dinheiro suficiente para cobrir despesas básicas como alimentação e habitação. Esta realidade demonstra uma pobreza quotidiana, que tende a agravar-se nos próximos anos se não forem adotadas políticas públicas eficazes e estruturadas para apoiar as famílias mais vulneráveis.
É neste contexto que a DECO assume um papel ativo na promoção da erradicação da pobreza e da exclusão financeira e social, colocando o aconselhamento, a orientação e a capacitação financeira no centro da sua intervenção.
Através do apoio direto a famílias sobre-endividadas, da educação e formação em literacia financeira e na defesa de soluções de consumo mais justas e sustentáveis, a DECO contribui para reduzir desigualdades, reforçar a autonomia das pessoas e prevenir situações de risco que conduzem à exclusão.
É urgente que as políticas públicas integrem de forma estruturada a proteção financeira das famílias como um pilar essencial da inclusão social. É fundamental reforçar os mecanismos de prevenção do sobre-endividamento, garantir o acesso universal a serviços de aconselhamento financeiro verdadeiramente independentes e promover programas de literacia financeira adaptados às diferentes fases da vida. As medidas de apoio devem ser mais ágeis, coordenadas e próximas dos cidadãos, garantindo que ninguém fica excluído por falta de informação, de competências ou de acesso digital. Apenas com uma estratégia pública coerente e centrada no bem-estar financeiro das famílias será possível combater eficazmente a pobreza e a desigualdade.
O contacto próximo com milhares de famílias em todo o país permite à DECO identificar fragilidades, propor medidas de política pública e oferecer respostas práticas que ajudam os consumidores a equilibrar orçamentos, tomar decisões conscientes e projetar o futuro com maior segurança.
Uma constatação recorrente da Associação é que, apesar da existência de medidas de apoio, muitas acabam por não ser aproveitadas por quem delas necessita, devido ao desconhecimento ou à dificuldade de acesso.
Combater a pobreza implica garantir que todos tenham acesso às ferramentas de gestão financeira e ao pleno exercício dos seus direitos enquanto consumidores. Só assim é possível quebrar ciclos de vulnerabilidade e construir uma sociedade mais inclusiva, justa e equitativa, onde a informação e o conhecimento se tornam instrumentos de verdadeira equidade.
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