A Lei que proibia a disponibilização de sacos de plástico muito leves e cuvetes em plástico nos pontos de venda de pão, frutas e legumes deveria entrar em vigor esta quinta-feira, dia 1 de junho, porém o Governo recuou e decidiu que a sua utilização ficará, afinal, sujeita a um pagamento, à semelhança dos sacos de plásticos leves.
Rumo a um país mais sustentável, mas a que custo para os consumidores?
Com a subida dos preços, os consumidores estão cada vez mais cautelosos com a gestão do seu orçamento familiar, tentando manter as suas finanças pessoais o mais equilibradas possível.
Neste contexto, verem-se confrontados com mais um custo na conta do supermercado é, sem dúvida, outro pequenino passo para comprometer a capacidade financeira dos portugueses, pelo que é essencial que sejam disponibilizadas aos consumidores alternativas reutilizáveis ou embalagens de outro material que não seja plástico que lhes permita trazer estes alimentos sem mais custos.
Afinal o que vai mudar?
Surpreendidos com as mais recentes notícias, muitos são já os consumidores que nos questionaram sobre que embalagens passarão agora a ser taxadas.
Imagine que vai ao supermercado comprar legumes e fruta a granel. No futuro, caso não leve consigo os seus sacos, terá que pagar uma contribuição pelos sacos de plástico ultraleves habitualmente disponibilizados sem custos na loja.
Na secção da padaria, se quiser comprar pão e croissants, por exemplo, verificará que já não serão vendidos dentro de embalagens de plástico.
Na verdade, não podemos assegurar, por exemplo, em que embalagens estes produtos serão disponibilizados, resultado, por um lado, da inexistência de campanhas de sensibilização dos consumidores e, por outro, do facto de os próprios dos estabelecimentos comerciais não terem antecipado a entrada em vigor destas normas e não disporem, na sua generalidade, de alternativas aos sacos de plástico muito leves, nem de sistemas de reutilização de embalagens, vendendo, apenas alguns, essas alternativas.
Consumidores comprometidos com o Ambiente
Os consumidores têm demostrando, ao longo dos últimos anos, o seu compromisso com a defesa do meio ambiente, adotando comportamentos mais sustentáveis.
No entanto, nenhuma mudança deverá acontecer sem que todos os intervenientes estejam devidamente informados. Por isso, além da definição de um valor adequado e justo em termos de taxa, deve ser fixado um período de adaptação devidamente alargado que permita aos consumidores acomodarem no seu dia-a-dia este novo hábito, sob pena de continuarem sozinhos a suportar grandemente a transição ecológica.
O que falta fazer?
Embora os estabelecimentos comerciais sejam já obrigados a aceitar que os consumidores utilizem os seus próprios recipientes, está ainda por implementar um sistema de disponibilização de embalagens reutilizáveis quer no comércio a retalho, quer na prestação de serviços de restauração ou bebidas.
Neste sentido, a DECO exorta o Governo a acelerar a implementação do sistema de embalagens reutilizáveis, pois apenas nesse momento, e com as empresas chamadas a assumir a sua responsabilidade perante os desafios que enfrentamos, poderemos caminhar para uma economia verdadeiramente circular, nestes setores.
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