A Comissão Europeia apresentou o seu roteiro para um setor agrícola e agroalimentar próspero na UE até 2040. Mas o que significa isso, na prática, para os consumidores? Apesar de algumas boas iniciativas, como mais transparência nos preços e melhorias no bem-estar animal, a estratégia falha em trazer soluções concretas para tornar a alimentação saudável e acessível para todos os consumidores.

 

O que pode mudar nos supermercados?

Mais informação sobre a origem dos produtos: A Comissão quer que os consumidores saibam melhor de onde vem a comida que compram, expandindo a rotulagem de origem.

 

Produtos importados com regras mais justas: Alimentos vindos de fora da UE poderão ter de seguir padrões mais rigorosos, principalmente no uso de pesticidas e bem-estar animal.

 

Preços mais transparentes: Um novo Observatório da Cadeia Agroalimentar vai monitorizar a formação dos preços, ajudando a evitar margens abusivas no setor alimentar.

 

Plano Europeu para a Proteína Vegetal: A Comissão irá desenvolver um plano abrangente para a produção e consumo de proteínas vegetais, promovendo um sistema mais autossuficiente e sustentável na UE, ao mesmo tempo que diversifica as importações.

 

O que falta?

Alimentos saudáveis mais acessíveis: A Comissão não propôs formas concretas de tornar os regimes alimentares saudáveis e mais sustentáveis a escolha fácil e acessível para os consumidores. Enquanto isso, os produtos ultraprocessados continuam mais baratos e predominam nas prateleiras.

 

Refeições prontas a comer mais saudáveis e sustentáveis: Ficou a faltar um impulso para que as empresas e os retalhistas melhorem a qualidade nutricional dos alimentos pré-preparados que servem.

 

Rotulagem nutricional frontal: Os consumidores ainda não terão acesso a um sistema de rotulagem simples que facilite escolhas mais saudáveis.

 

Impacto para os consumidores em Portugal

Em Portugal, o impacto destas lacunas é evidente. O preço dos alimentos tem vindo a aumentar nos últimos três anos, tornando mais difícil para muitas famílias optarem por uma alimentação equilibrada. Vários estudos têm demonstrado que os produtos frescos como frutas, legumes e peixe continuam a ser dos mais afetados pela inflação, enquanto os produtos ultraprocessados permanecem acessíveis e amplamente promovidos.

 

A DECO continuará a pressionar para que a Comissão Europeia avance com medidas que protejam os consumidores e garantam uma alimentação mais acessível e transparente para todos.

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