Hoje trazemos a situação da família Marques que pediu aconselhamento financeiro no Gabinete de Proteção Financeira da DECO.

 

Situação  da família Marques

 

É uma família endividada e é, provavelmente, uma situação parecida com a que muitas vivem.

 

Esta jovem família, um casal e um filho de 6 anos, vive em casa de familiares. Assim, não tem despesas com renda, mas tem com alimentação e combustível para duas viaturas.

 

Inicialmente, o casal recorreu a crédito para reparação das viaturas, mas em virtude do reduzido orçamento do agregado familiar, acabou por manter a utilização de crédito para fazer face a despesas do dia-a-dia. As despesas foram aumentando e, quase sem se aperceberem, viram-se numa situação de sobre endividamento e sem capacidade para cumprir todas as obrigações. Assim, a família considerou que a consolidação dos seus créditos seria a melhor solução.

 

A avaliação de solvabilidade

A família Marques solicitou  o crédito  ao Banco S.. aquando da contratação do crédito, os consumidores  têm o dever de prestar à instituição de crédito informações verdadeiras sobre a sua situação económica para que esta possa cumprir com o dever de avaliar a sua solvabilidade. Ou seja, neste caso, deveria  verificar se a família Marques  tinha  capacidade financeira para pagar o empréstimo.

 

Na avaliação da solvabilidade, as instituições devem ponderar, entre outros considerados relevantes, os seguintes elementos relativos ao cliente bancário:

  • Idade;
  • Situação profissional;
  • Rendimentos e despesas regulares;
  • Informação constante de bases de dados de responsabilidades de crédito – como é o caso, por exemplo, da Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal;

 

Os rendimentos da família Marques

 

RENDIMENTO MENSAL | 2023
Sr. Marques 740,00 €
Sra. Marques 756,00 €
  TOTAL           1 496,00€

Agregado familiar: 3 pessoas (casal c/ menor a cargo)

 

As responsabilidades de crédito da família Marques em dezembro de 2023

 

Forneceu também todas as responsabilidades de crédito que tinha a 31 de dezembro de 2023:

Instituição de Crédito

TIPO PRESTAÇÃO CAPITAL INÍCIO PRAZO
Banco S.

pessoal

119,00€

2 293,00€

09.2023

24 M

Financeira C.

pessoal

380,00€

18 381,00€

01.2023

84 M

Banco C.

pessoal

90,00€

4 121,00€

07.2021

84 M

Financeira W.

pessoal

81,00€

4 806,00€

07.2023

96 M

Financeira W.

cartão

130,00€

4 403,00€

09.2022

Financeira U.

cartão

50,00€

275,00€

05.2019

Financeira B.

cartão

120,00€

4 015,00€

04.2019

Banco N.

cartão

10,00€

35,00€

07.2010

 

980,00€

38 329,00€

 

 

 

 

Apesar de todos os indícios de degradação financeira verificados, o Banco S. acabou por conceder o empréstimo pretendido.

 

O Banco S. concedeu em janeiro de 2024 um crédito pessoal no montante de 51.706,00€ e um outro crédito pessoal no valor de 2 366,38€ concedido à data do crédito consolidado, para liquidação do respetivo seguro de proteção ao crédito.

 

Instituição de Crédito TIPO PRESTAÇÃO CAPITAL INÍCIO PRAZO
Banco S. pessoal

891,00€

51 706,00€

01.2024 84 M
Banco S. pessoal

28,00€

2 282,00€

01.2024 84 M
Banco S. pessoal

119,00€

1 886,00€

09.2023 24 M
Banco C. pessoal

90,00€

3 878,00€

07.2021 84 M
Financeira B. cartão

94,00€

3 142,00€

04.2019
Financeira U. cartão

62,00€

290,00€

05.2019
Financeira W. cartão

91,00€

3 026,00€

09.2022

1 375,00 €

66 210,00 €

 

 

A taxa de esforço da família Marques após a consolidação de crédito

 

A situação da família agravou-se: aumento da dívida e consequentemente da taxa de esforço.

 

Atualmente, o rendimento do agregado familiar é de 1 580 euros.

 

dez.2023 abr.2024
Rendimento Mensal 1 496,00 € 1 580,00 €
Prestações Mensais 980,00 € 1 375,00.€
Capitais em Dívida 38 329.00 € 66 210,00 €

TAXA DE ESFORÇO

65,5%

87,0%

 

 

Ora, decorre da lei e das regras macroprudenciais que as instituições apenas devem conceder o crédito se resultar da avaliação da solvabilidade que é provável que o consumidor cumpra as obrigações decorrentes do contrato de crédito, pretendendo-se evitar o sobre-endividamento e as práticas irresponsáveis de concessão de crédito aos consumidores. Esta situação prejudica tanto o mercado de crédito como os consumidores.

Ora na situação em apreço questiona-se como foi realizada a avaliação de solvabilidade atendendo a que

  • O montante em dívida quando o consumidor solicitou o crédito consolidado era de 38.329,00€ mas o valor do crédito concedido foi de 51.706,00€
  • Acresce, ainda, que foi concedido outro crédito pessoal no valor de 2.366,38€ para liquidação do respetivo seguro de proteção ao crédito.
  • No momento em que a avaliação foi efetuada a família tinha uma taxa de esforço de 65,5%, em abril a taxa de esforço é de 87,0%.

 

Esta família com a concessão deste crédito viu a sua situação financeira agravar-se. Quem é prejudicado em primeiro lugar? A FAMÍLIA.

Quer mais informação sobre esta temática?

 

Fale com os especialistas do Gabinete de Proteção Financeira através do número 213 710 238, ou envie-nos as suas dúvidas para o e-mail: protecaofinanceira@deco.pt .

 

Mas se o que pretende é orientação financeira especializada ou a  intervenção do Gabinete de Proteção Financeira para a resolução da sua situação então registe-se e apresente-nos a sua situação .

 

 

 

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