São várias as tecnologias de aquecimento eficientes disponíveis no mercado e nem sempre é fácil para os consumidores saberem, com certeza, qual a solução que preferem. Há muito informação, nem sempre fácil de entender ou esclarecedora o suficiente. Para ajudar os consumidores, resumimos a informação fundamental a ter em conta na aquisição, instalação ou manutenção de cada uma das tecnologias num único artigo com menos de 1.000 palavras.

Caso não o tenha lido, recomendamos o 1º artigo desta série de três artigos: “Porque é tão importante os consumidores saberem mais sobre aquecimento doméstico?“, onde falámos sobre importância e impacto do aquecimento,  vantagens de ter um aquecimento eficiente e como o HARP vem ajudar a identificar a melhor solução para cada caso. Para quem quiser saber mais, recomendamos o site aquecimento eficiente do projeto HARP.

 

AQUECIMENTO DE ÁGUA

A primeira decisão a tomar é escolher entre um sistema instantâneo e um sistema por acumulação. Para isso, os consumidores têm de avaliar se necessitam de água quente num horário específico ou ao longo de todo o dia e qual o caudal necessário. Um agregado onde 4 pessoas tomam banho no mesmo horário é diferente de um agregado em que umas tomam de manhã e outras ao fim do dia. Se o consumo for pontual recomenda-se um sistema instantâneo, caso o consumo seja para vários usos em simultâneo uma opção de aquecimento por acumulação é preferível.

 

Em termos de eficiência, os equipamentos a gás ou elétricos vão de A a C (numa escala de A+ a F). Porém, há diferenças, as bombas de calor são as mais eficientes (A ou A+) e os termoacumuladores os menos eficientes (C). Uma das formas de potenciar estes equipamentos é combiná-los com energias renováveis.

 

Em termos de espaço, os sistemas instantâneos têm a vantagem de ser os que ocupam menos espaço, de serem mais leve e poderem ser fixados à parede, além de não precisarem de depósito.

 

BOMBAS DE CALOR

As bombas de calor garantem aquecimento ambiente, climatização e/ou preparação de água quente a partir de energias renováveis – o ar (aerotérmica) e o calor do solo (geotérmica), através da compressão do ar o que faz aumentar a temperatura. É certo que a conversão é feita a partir de um compressor que funciona a eletricidade, mas com um consumo reduzido, sendo que esta também pode ser renovável. Em qualquer caso, é a tecnologia mais eficiente, atingindo mais de 100% de eficiência (ou seja, produzem mais energia do que a que consomem).

 

As bombas de calor para aquecimento ambiente, são compostas por dois equipamentos – uma unidade exterior colocada no exterior da habitação, varanda/terraço, fachada ou quintal e uma unidade interior (unidades de convecção ou piso radiante). Caso se opte por uma solução de piso radiante pode ser necessário termo um terceiro equipamento – um depósito de armazenamento de calor. Uma bomba de calor apenas para preparação de águas quentes e sanitárias (AQS) é composta apenas por uma unidade compacta.

 

São algumas as vantagens específicas, nomeadamente a flexibilidade perante várias necessidades de aquecimento e limitações de espaço, a opção de arrefecimento do ambiente (pela dissipação do calor) e a melhoria da qualidade do ar interior.

 

Quem optar por uma bomba de calor aerotérmica tem de ter em conta que o seu funcionamento é afetado pelas variações de temperatura, ao contrário das geotérmicas, que contam com a temperatura constante do solo. Mas atenção, uma bomba de calor geotérmica exige cerca de 40m2 de jardim livres. É também importante lembrar que as unidades exteriores emitem algum ruído, devendo a sua localização ser pensada, por exemplo, para não estar demasiado próxima dos quartos.

 

O custo de aquisição das bombas de calor é considerável, mas, por oposição, os custos de operação são muito reduzidos e são equipamentos com uma vida útil média de 25 anos. As aerotérmicas são as mais baratas e as geotérmicas as que mais rapidamente permitem recuperar o investimento. No caso, das águas quentes um sistema solar térmico poderá acoplado ao sistema para uma a maior eficiência.

 

CALDEIRAS DE CONDENSAÇÃO

As caldeiras de condensação são equipamentos que utilizam a energia térmica da queima de combustível para produzir calor que pode ser usado para aquecimento ambiente ou produção de águas quentes. Comparativamente com as caldeiras convencionais são mais eficientes porque permitem o aproveitamento dos gases de exaustão para pré-aquecimento da água que entra na caldeira, reduzindo assim o combustível (biomassa, gás ou gasóleo) necessário à caldeira para garantir água quente e/ou aquecimento ambiente.

 

Têm uma elevada eficiência, superior a 90%, e são soluções que têm a vantagem de ser compactas e poderem mais facilmente instaladas numa cozinha. É ainda importante referir que é imprescindível ter condições exaustão e ventilação do espaço adequadas para o equipamento funcionar. Por outro lado, requer manutenção periódica por parte de um profissional qualificado.

 

CALDEIRAS DE BIOMASSA

As caldeiras de biomassa seguem o princípio mais antigo método de aquecimento – as fogueiras. O recurso a caldeiras cada vez mais inovadoras permite que a queima de pellets, estilha, briquets ou outros derivados de madeira atinja hoje uma eficiência superior a 90%. Regra geral, esta biomassa provém do aproveitamento de desperdícios da indústria da madeira, reduzindo assim o seu impacto ambiental. Existe também madeira ou derivados de madeira com certificação de gestão sustentável de florestas, com Certificação Florestal FSC e/ou PEFC.

 

Além disso, esta pode ser considerada uma tecnologia limpa. A madeira é considerada uma energia renovável, porque o CO2 libertado na queima da madeira é igual ao CO2 absorvido pela árvore durante o seu crescimento. Assim, considera-se que tem uma pegada carbónica neutra.

 

É importante lembrar que em termos de espaço, além da caldeira, é preciso espaço para armazenamento da biomassa/combustível para a caldeira. Por outro lado, é preciso gerir os resíduos da queima e limpar regularmente o equipamento.

 

SOLAR TÉRMICO

Os sistemas solares térmicos são já bem conhecidos. Utilizam a energia solar para produzir energia para aquecimento ambiente e preparação de água quente. São duas as opões disponíveis sistemas – com termossifão (acumulador junto ao próprio sistema) ou por circulação forçada em que o depósito de águas se encontra noutro ponto da habitação. A sua eficiência pode ser superior a 200%, ou seja, podem produzir o dobro da energia útil do que aquela que consomem.

 

Um dos seus pontos fortes é funcionarem também com uma menor exposição solar (irradiação difusa). Naturalmente, a rentabilidade depende da exposição solar, sendo maior se estiver direcionado para Sul. Ainda assim, deve ser combinado com outras fontes de energia que garantam o aquecimento em dias com menor aproveitamento solar.

 

Em termo de poupança esperada, ela situa-se entre 50% a 90% de redução do consumo de energia, dependendo da altura do ano, das condições climáticas e da forma como a água quente é utilizada. O impacto na redução da fatura e da emissão de gases de efeito estufa (GEE) é muito significativo. Um painel de 2,5m2 pode evitar a emissão de 1.700 kg de GEE.

 

A sua instalação pode ser feita em telhados, fachadas, varadas ou espaços abertos e pode prever um acumulador de energia para utilização posterior, por exemplo à noite. Os custos de manutenção e operação são reduzidos.

Porque uma alternativa mais ecológica nos beneficia a todos, explore a ferramenta HARPa que vai avaliar o sistema que tem instalado e calcular qual o mais eficiente para o seu caso em particular disponível em www.aquecimentoeficiente.adene.pt.

 

Aproveite ainda para ler e partilhar a série de artigos do HARP:

1 – HARP: porque é tão importante os consumidores saberem mais sobre aquecimento doméstico?

3 – HARP: como substituir ou planear a substituição de um sistema de aquecimento?